O homem não vive somente de pão; a História não tinha mesmo pão; ela não se alimentava se não de esqueletos agitados, por uma dança macabra de autômatos. Era necessário descobrir na História uma outra parte. Essa outra coisa, essa outra parte, eram as mentalidades\" Jacques Le Goff

MEUS PROJETOS

PROJETO 01
PROJETO UM OLHAR NEGRO
Tratar da importância e valorização da cultura negra dentro da escola, criando espaços para manifestações artísticas que proporcionem reflexão crítica da realidade e afirmação positiva dos valores culturais negros pertencentes a nossa sociedade é o que propõe o projeto Um olhar negro, da escola baiana Fred Gedeon.

Um olhar negro

Na escola, valores sociais e morais são reforçados e também é nela que muitos preconceitos são perpetuados de forma quase imperceptível. Portanto é também na escola que se deve propiciar a reflexão crítica sobre esses valores.

A escola sempre pintou a África pobre, sem histórias próprias, com uma população subalterna, sem-cultura e escravizada. Precisamos urgentemente reverter esse quadro. E esse projeto pedagógico surge para tentar tirar do anonimato a verdadeira história da África e de seu povo, bem como abrir um leque de discussões em torno da diversidade cultural existente em nosso país, a fim de que essa diversidade seja respeitada e valorizada.

Assim, dentro da proposta de trabalhar na escola a valorização da cultura afro-brasileira, professores e alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Fred Gedeon, de Floresta Azul, na Bahia, envolveram-se na realização de um projeto que busca promover um espaço cultural para trabalhar expressões da arte e cultura negra, desenvolvendo atividades variadas que são abordadas:

- A Capoeira e sua importância - através de demonstrações coreográficas de grupos locais;

- A musicalidade de contextualização negra - com a participação de cantores amadores da escola e do município, com repertório de raízes;

- As coreografias fundamentadas nas raízes negras - com a participação de grupos locais;

- A teatralidade interpretativa de textos da cultura africana - monólogos, poesias etc.

- A beleza negra - com a realização de um desfile para escolha da Beleza Negra do município.

A elaboração e desenvolvimento desse projeto de arte e cultura negra visam a atender dois pré-requisitos básicos: o exercício da cidadania e vivência dos valores através da apropriação da arte e da cultura, como ferramentas necessárias para estar num mundo formado por sociedades que usam o preconceito como instrumento das esferas de diferenças sociais e, ainda, o resgate da herança africana, cuja história fora esquecida e ignorada ao longo do tempo.
O projeto tem por objetivo favorecer o desenvolvimento da expressão corporal, oral e cultural dos alunos, através de momentos de interpretação (monólogos), coreografias, músicas, Capoeira, poesias e a valorização estética negra, para a ampliação dos conhecimentos e formação de hábitos e atitudes fundamentais nos valores éticos. Propõe-se, ainda, dar a conhecer, através de demonstrações culturais e de atividades teatrais e de interpretação alguns aspectos importantes do contexto da escravidão negra, ressaltando os valores que impulsionaram e orientaram a sua vida e a formação de sua identidade. Com este conhecimento, vivenciar e valorizar a cultura negra através da música e da pintura como forma de identificação e resgate da auto-estima do aluno afro-descendente. Através de atividades artísticas, busca-se desenvolver ações transformadoras, projetando o respeito como prática fundamental e essencial para mudar as pessoas e, conseqüentemente, a sociedade.ANEXOS:CapoeirAA Capoeira é uma expressão cultural que mistura esporte, luta, dança, cultura popular, música e brincadeira.

Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes, é caracterizada por movimentos ágeis e complicados, feitos com freqüência junto ao chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes um forte componente ginástico-acrobático. Uma característica que a distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música.
A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a Capoeira obteve o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata.
A música é um componente fundamental da Capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de Capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o Toque de Capoeira de bem lento (Angola) a bastante acelerado (Sao Bento Grande). Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções de Capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira.
Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir. Os capoeiristas mudam o estilo das canções freqüentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a Capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo. O toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constatemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.

Roda de Capoeira
A roda de Capoeira é um círculo de pessoas em que é jogada a Capoeira.
Os capoeiristas se perfilam na roda de Capoeira batendo palma no ritmo do berimbau e cantando a música enquanto dois capoeiristas jogam Capoeira. O jogo entre dois capoeiristas pode terminar ao comando do capoeirista no berimbau (normalmente um capoeirista mais experiente) ou quando algum capoeirista da roda entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles.
O tamanho da roda pode variar de um diâmetro de três metros até diâmetros superiores a dez metros, ao mesmo tempo que pode ter meia dúzia de capoeristas até mais de uma centena deles.
Embora os nomes dos golpes de Capoeira variem de grupo para grupo, alguns dos principais são:

• Armada

• Au

• Baiana

• Banda

• Benção

• Cabeçada

• Chapa

• Galopante

• Macaco

• Martelo

• Martelo Cruzado

• Meia-lua

• Meia-lua de base

• Meia-lua de compasso

• Meia-lua de frente

• Pisão

• Ponteira

• Queixada

• Rabo-de-arraia

• Rasteira

• Vôo do morcego

• Ponte aranha

• Ponta de faca

• Amazonas

• Giro de mão

• Corcorinha

• Quebra de rins

• Esquiva

• Esquiva com rolê

• Salto mortal

• Giro de cabeça

• Ginga

Você pode encontrar este texto acima e mais informações sobre Capoeira no seguinte endereço: Wikipedia - CapoeiraA Música e Dança Negra
A Música Negra
A música negra (também conhecida como música afro-brasileira no Brasil e música afro-americana nos Estados Unidos) é um termo dado a todo um grupo de gêneros musicais que emergiram ou foram influenciados pela cultura de descendentes africanos em países colonizados por um sistema agrícola baseado na utilização de mão-de-obra escrava (plantation). É comum em toda a América, onde o uso de mão-de-obra escrava negra foi amplamente utilizada. As músicas tribais africanas foram trazidas pelos escravos para os países americanos, onde se mesclaram com outros ritmos europeus, formando novos gêneros musicais.

No Brasil

• Axé music

• Carimbó

• Funk carioca

• Lambada

• Lundu

• Maxixe

• Maracatu

• Pagode

• Samba

A Dança Negra

A dança - enquanto forma de expressão corporal - possui uma linguagem onde cada gesto significa e representa idéias e sentimentos. Emoções. Sensações.
O jogo da Capoeira é a síntese da dança. A sua essência, disfarçada em brinquedo. Vadiação. Distração de quem busca extravasar cada função interior nos gestos exteriores.
É na dança que se manifesta a tradição milenar da cultura negra de reverenciar as origens. Isto ocorre cada vez que se repetem gestos ancestrais. Renovados. Conduzindo ao reconhecimento da necessidade de manter viva a ligação com os antepassados, que praticaram os mesmos atos. Nisto reside a grandeza da dança negra. Ritual. E no respeito aos que geraram a vida, a beleza maior.
O balanço dos braços, o arremesso dos pés, o meneio do tronco e dos quadris, a harmonia de todo o corpo em gestos que não perdem a continuidade. Como se fôra um ininterrupto perambular pelo círculo, em estreita ligação com o solo.
Você pode encontrar estes textos acima e mais informações sobre Música e Dança Negra no seguinte endereço: Wikipedia - Música Negra´MÚSICAS:

Mama África - Chico César 
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)

Mama África, tem
Tanto o que fazer
Além de cuidar neném
Além de fazer denguim
Filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
Mas não se afasta de você...

Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...

Quando Mama sai de casa
Seus filhos de olodunzam

Rola o maior jazz
Mama tem calo nos pés
Mama precisa de paz...

Mama não quer brincar mais
Filhinho dá um tempo
É tanto contratempo
No ritmo de vida de mama...

Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)

É do Senegal
Ser negão, Senegal...
Deve ser legal
Ser negão, Senegal...(3x)
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo o dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)

Mama África
A minha mãe
Mama África
A minha mãe
Mama África...

O Preto Em Movimento
Mv Bill
Não sou o movimento negro
Sou o preto em movimento
Todos os lamentos (Me fazem refletir)
Sobre a nossa historia
Marcada com glorias
Sentimento que eu levo no peito
É de vitória
Seduzido pela paixão combativa
Busquei alternativa (E não posso mais fugir)
Da militância sou refém
Quem conhece vem
Sabe que não tem vitória sem suor
Se liga só, tem que ser duas vezes melhor
Ou vai ficar acuado sem voz
Sabe que o martelo tem mais peso pra nós
Que a gente todo dia anda na mira do algoz
Por amor a melanina
Coloco em minha rima
Versos que deram a volta por cima
O passado ensina e contamina
Aqueles que sonham com uma vida em liberdade
De verdade
Capacidade pra bater de frente
E modificar o que foi pré-destinado pra gente
Dignificar o que foi conquistado
Mudar de estado, sair de baixo
Sem esculacho é o que eu acho
Não me encaixo nos padrões
Que vizam meus irmãos como vilões
Na condição de culpados
Ovelha branca da nação
Que renegou a pretidão (Na verdade é que você...)
Tem o poder de mudar “ RAPÁ”
Então passe para o lado de cá, vem cá
Outra corrente que nos une
A covardia que nos pune
A derrota se esconde no irmão
Que não se assume
Chora quando é pra sorrir
Ri na hora de chorar
Levanta quando é pra dormir
Dorme na hora de acordar
Desperta
Sentindo a atmosfera, que libera dos porões
E te liberta (Sarará criolo...)
Muita força pra encarar qualquer bagulho
Resistência sempre foi a nossa marca, meu orgulho
É bom ouvir o barulho
Que ensina como caminhar (Eu estou sempre na minha...)
Não vou pela cabeça de ninguém
Pode vir que tem
Agbara, Ôminara, Português, Faveles ou em Ioruba, Axé
Pra quem vai buscar um acue
E deixa de ser um qualquer
Já viu como é
Preto por convicção acha bom submissão
Não, da re no Monza e embranquece na missão
Tem que ser sangue bom com atitude
Saber que a caminhada é diferente pra quem vem da negritude
Que um dia isso mude
Por enquanto vou rezar pro santo
E que nós nos ajude.

POEMA  ÁfricaSou Negro

Sou Banto
Sou Sudanês
Sou gente
Sou pessoa
Minha Pátria: O mundo
Minha terra: Áfricas.
Tenho identidade
Tenho nome
Nasci do ventre
Nasci gente
Sou Negro
Negro Africanidades.
Negro por natureza.
Sou Negro
Tenho cultura.
Tenho história
Sou negro
Sou pessoa como você.
Sou negro
Voce!!!!
Negro eu sou.
Você eu não sei.
Honro a minha cor
A minha raça.
Negro de verdade
de lutas.
de histórias
Não sou negro de escravidão
Sou Negro de raça
de vida
Negro de história.
Negro que colonizou o mundo.
NEGRO COM MUITA HONRA.
Negro das Minhas Áfricas.
de Genivaldo Pereira dos Santos










Este Projeto está publicado no site da revista Mundo Jovem: http://www.mundojovem.com.br/datas-comemorativas/consciencia-negra/projeto-consciencia-negra-um-olhar-negro.phpAutor do Projeto: Professor Genivaldo.


PROJETO 02
PROJETO “A CONTRIBUIÇÃO NEGRA E INDÍGENA NA ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA”



A P R E S E N T A Ç Ã O
O professor Genivaldo,juntamente com os Alunos da CEFG pretende na 4ª Unidade letiva de 2007, desenvolver o PROJETO “A CONTRIBUIÇÃO NEGRA E INDÍGENA NA ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA” de cunho Interdisciplinar, com o objetivo de divulgar as contribuições que os negros e os índios legaram ao nosso país na alimentação, ao mesmo tempo em que será apresentada a excelência da culinária a partir de elementos africanos e dos índios para o surgimento da cozinha estritamente brasileira.
Com esse projeto buscaremos, através das atividades dentro de sala de aula e extraclasse, desenvolver ações transformadoras levando os alunos a conhecerem e se familiarizarem a respeito da origem e a evolução da gastronomia brasileira, viabilizando a busca do entendimento dos princípios, das crenças, dos processos, das técnicas e os insumos que possibilitaram a construção de diversos sistemas de alimentação no território nacional.
Logo, diante dos temas tratados, pesquisados e estudados, trataremos de a partir de questões práticas, ilustrar através de uma exposição essas contribuições desde a reflexão sobre a cozinha ritual presente nos terreiros de candomblé, assim como as práticas de comer e preparação dos alimentos até a alimentação costumeiramente falando.

INTRODUÇÃO
Influência dos Índios: No Brasil indígena, bem antes da chegada dos portugueses, se conheciam inúmeros produtos cultivados para a alimentação, para produção de bebidas e condimentos, entre eles o milho, mandioca, aipim, caju entre outros.
Influências Africanas: Os africanos quando foram trazidos para o Brasil, já eram dotados de uma vasta sabedoria na culinária. Alguns dos produtos que podemos destacar como marcantes na influência da culinária brasileira, o azeite de dendê, é sem dúvida uma das maiores contribuições para a comida brasileira. Na culinária africana não podemos deixar de mencionar a utilização da feijoada e de frutos do mar como parte da alimentação.
Influências Européias: Os europeus, principalmente os portugueses, contribuíram com diversos tipos de alimento para a formação da culinária, principalmente por serem os maiores conhecedores das técnicas da agricultura e criação de animais para servirem de alimentação. São deles que se herdou o costume de ingerir carne e fabricar produtos como queijo, requeijão, bebidas, doces, conservas, dentre outros.
A culinária brasileira é produto da tradição cultural e das circunstâncias, bem assim da localização geográfica de suas diferentes regiões. Assim os diversos pratos da culinária brasileira surgiram em função da cultura indígena ou africana predominante, das origens do grupo europeu que colonizou determinadas regiões, da proximidade com rios ou o mar, ou mesmo das condições pluviométricas e do solo.
A culinária africana percebida no contexto da escravidão colonial, também pode ser vista como uma forma de resistência negra, frente à tentativa portuguesa de anulação da identidade africana, que lhes permitia o sentimento de pertencimento e singularidade. Daí a relação entre a culinária e a religiosidade, como elementos essenciais a preservação da memória e identidade cultural. Autores como Sodré Vianna e Darwin Brandão procuraram revelar o sentido religioso em torno do dendê, assim como o dinamismo dessa culinária, que se apropriou tanto no comer quanto no beber dos elementos indígena e português, dando um novo “cheiro, cor e sabor” a culinária brasileira e mais especialmente a baiana.
A influência africana na dieta do brasileiro possui dois aspectos. O primeiro diz respeito ao modo de preparar e temperar os alimentos. O segundo, à introdução de ingredientes na culinária brasileira. A condição de escravo foi determinante para explicar como a técnica culinária dos africanos desenvolveu-se no Brasil. Tendo sido aprisionados na África e viajado em péssimas condições, os negros não traziam consigo nenhuma bagagem, muito menos ingredientes culinários. Isso reforçou a necessidade da improvisação para alimentarem-se no novo território, que, por sua vez, tinha uma estrutura ainda pouco eficaz. A própria elite tinha de importar vários gêneros.
Se você observar; muitas das receitas que nós costumamos comer,são de origem africana ou seja são comidas afro-brasileiras.
Entre vários aspectos da cultura- como a literatura, a música, a dança, o teatro-a culinária tem sua importância reconhecida e é tomada como uma indicação da indentidade de como grupo humano. A sua variedade revela os recursos naturais de que dispõe o homem na região onde vive, também, a cultura que desenvolve.Algumas comidas afro-brasileiras:
Acarajé-Bolo de feijão-macaça temperada e moída com camarão seco, sal e cebola,frito com azeite de dendê.
Mungunzá-Alimento preparado com milho em grão e servido doce(com leite de coco) ou salgado (com acompanhamento de carne -de-sal/ ou torresmo) com leite.
Vatapá-Papa de farinha-de-mandioca com azeite de dendê e pimenta, servida com peixe e crustáceos.
Quibebe-Papa ou purê de abóbora(jerimum)com leite.
Abará-Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Iansã, Obá e Ibeji).
Aberém-Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Omulu e Oxumaré).
Abrazô-Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-dendê.
Acaçá-Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido, ainda morno, em folhas verdes de bananeira. (Acompanha o vatapá ou caruru. Preparado com leite de coco e açúcar, é chamada acaçá de leite.) [No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxalá, Nanã, Ibeji, Iêmanja e Exu.]
Ado-Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxum).
Aluá-Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi frmentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.
Quibebe-Pato típico do Nordeste, de origem africana, feito de carne-de-solou com charque, refogado e cozido com abóbora. Tem a consistência de uma papa grossa e pode ser temperado com zeite-de-dendê e cheiro verde.
O africano introduziu na cozinha o leite de coco, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre o reino; dou ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, mungunza, acaragé, angu e pamonha.

A cozinha africana, pequena mas forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; Faz a mesma coisa com os pratos da terra; E finalmente criou a cozinha brasileira, ensinando a fazer pratos com macarrão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau.
Especiarias, pimentas, abacaxi, banana, tomate, porco doméstico, técnicas de assados, cozidos e marinados foram introduzidos pelos portugueses, que se misturaram a culinária africana.
A comida que está em nossa mesa todos os dias é composta por muitas contribuições dos povos africanos e dos seus descendentes.
Uma constante alimentar era o arroz (Oryza Sativa Linn) e, com este, a fórmula do kuz-kuz, comum nas zonas islâmicas da África Setentorial e Atlântica. O kuz-kuz teria começado com o arroz, o sorgo ou o trigo antes do Zea mays aparecer (CASCUDO, 1977, p.188).
Tipos variados de feijão (Vigna senensis), segundo informações de Valentim Fernandes, conforme lembra Cascudo, teriam dominado a grande extensão do Golfo de Guiné desde a
Gambia; Feijões brancos, pretos, vermelhos, grandes e pequenos. O Congo e a região equatorial cultivavam o feijão cuandu, andu, guando (Cajámus inducus), assim chamado em Moçambique e águas do Zambeze Nhamudoro, trazido para o Brasil pelos escravos.
Com o sorgo (Andropogon sorghum, Holcus sorghum, Sorghum vulgare), Cascudo (1977, p.189) diz que o africano produzia a farinha e manipulava diariamente suas papas e pirões; o autor menciona, também, os milhos-miúdos, famosos pela sua presença pré-histórica e sua distribuição geográfica, o qual apresenta uma riqueza de variedades, entre elas a Pennisetum typhoideum e o Consuetudinário massango.
O inhame (Discorea alata, Dioscorea bulbifera) alimentava toda a África Ocidental e Equatorial, sendo substituído posteriormente pela mandioca e pelo milho (CASCUDO, 1977, p.243). Outra influência africana, aponta Cascudo (1977, p.247), é a palmeira Elaeis guineensis L., cultivada ao redor da cidade de Salvador a partir do fim do século XVIII, a fim de atender ao consumo, já que dela se extraía o azeite-de-cheiro ou, como ficou mais conhecido, óleo de palma: “seu uso transmitia-se entre os escravos e as negras que serviam nas residências dos brancos. Como um ato de fidelidade, impunham o azeite-de-dendê como a cozinheira portuguesa lançava o azeite doce”.
O africano consumia muita pimenta (Aframamomum), chamada por vários nomes, tais como ataré, gindungo, piri-piri, sendo que cada nome localizava a sua origem. Segundo a Dieta africana (1977, p.248), esta (sugiro acrescentar: variedade) serviu para alimentar o prestígio das Capsicum sul-americana.
A cozinha Bahiana chama a atenção para o fato de que muitos pratos tendem a desaparecer: “mesmo para quem gosta de passar bem, existe uma inibição decorrente do progresso que fez sumir comidas e bebidas do consumo diário, ensejando apenas uma méia dúzia de iguarias nem sempre saborosas”(Vianna, 1955, p.19). Ao mesmo tempo, outros pratos insistem em sobreviver, como o mingau, vendido antes das seis horas da manhã pelas negras, “mulheres de saia rodada que conduziam o seu produto à cabeça numa lata de gás envolvida em várias camadas de grossa aniagem ou algodãozinho sobre uma gamela de pau, hoje com pontos fixos de venda” (Vianna, 1955, p.20). Hildegardes (1955, p.27) registra minuciosamente “o que se come e o que se bebe na Bahia”: suas riquezas e variedades de doces, destacando as cocadas, os bolos, as sopas, a diversidade de técnicas de aproveitar o peixe, de forma especial, as moquecas e o peixe frito, os pudins, as maneiras diversas de preparar o peru e de fazer a frigideira (qualquer picado coberto com ovos batidos), as geléias, as bebidas, entre elas os licores e o aluá ou aruá e as famosas comidas-deazeite - “as que estão baseadas no camarão seco, azeite-de-dendê e cebola”.
Sua lista traz, também, comidas de candomblé, como abará, aberém, akassá, akarajé, cabidela, arroz de hauçá, arroz doce, angu, banana da terra frita, bobó de inhame, cuscuz e mingau de carimã, o famoso mingau de cachorro, caruru, chin-chin de galinha, cabidela, cuscuz de milho, inhame e tapioca, efó, feijoada, fejão-de-azeite, meninico, milho assado ou cozido, mungunzá, lelê, pipoca, molho de nagô, rabada, sarapatel e vatapá, muitas delas consumidas somente no terreiro, outras, em número muito reduzido encontradas nas ruas. Muitas dessas receitas já apresentam variações em relação àquelas registradas por Manuel Querino, o que se explica pelo dinamismo desta culinária. Entre as bebidas, destaca-se o aluá ou aruá que, na classificação de
Querino, foi colocado entre os produtos tipicamente africanos.

JUSTIFICATIVA

Não há nada mais gostoso que a comida do Brasil! Pode parecer exagero, mas a alimentação brasileira tem uma riqueza incrível, pois sua origem é uma mistura das tradições indígena, portuguesa e africana.
Os índios se alimentavam da mandioca, das frutas, dos peixes e das carnes de caça. Com a chegada dos colonizadores portugueses, o pão, o queijo, o arroz, os doces e os vinhos foram se incorporando à nossa alimentação.
Mas uma das contribuições mais importantes aos nossos hábitos alimentares, durante todo o período de colonização, foi aquela que veio da África, trazida pelos escravos. Se os comerciantes de escravos traziam os ingredientes (especiarias), os escravos traziam na memória os usos e os gostos de sua terra, marcada por ingredientes a exemplo do azeite-de-dendê e a pimenta. Era aí que estava o segredo.
Neste trabalho estaremos analisando os efeitos da culinária brasileira, sua diversidade e abrangência desde os atos de comer a seus aspectos comportamentais e religiosos.
O modo africano de cozinhar e temperar incorporou elementos culinários e pratos típicos portugueses e indígenas, transformando as receitas originais e dando forma à cozinha brasileira.
Não foram apenas costumes, danças lendas e festas dentre outras inúmeras manifestações culturais que foram fruto da miscigenação racial do povo brasileiro, na sua formação. Mais uma das qualidades inigualáveis quanto ao sabor, qualidade, beleza e variedade é a Culinária do Povo Brasileiro, culinária esta que se utilizou das influências indígenas, negras, européias para fazer a base da alimentação no Brasil. Na formação dos pratos típicos devemos ressaltar estes três povos como influenciadores na nossa culinária.
Portanto, a opção pelo estudo da contribuição dos negros e dos índios para a alimentação brasileira foi feita justamente para poder desmistificar as visões discriminatórias e preconceituosas perante a esses povos, fomentando e reafirmando o entendimento amplo do fenômeno gastronômico nas dimensões históricas, sociais, culturais, econômicas e, propriamente, alimentares na história do país.

OBJETIVOS GERAIS:

- Familiarizar-se com a origem e a evolução da gastronomia brasileira, vista tanto no encontro como no conflito de culturas, levando-s a desvelar suas características e peculiaridades.
- Procurar entendimento dos princípios, crenças, processos, técnicas e os principais insumos que possibilitaram a construção de diversos sistemas de alimentação no território nacional.
- Identificar as principais relações sociais estabelecidas em nosso país a partir das contribuições vindas dos negros e índios na culinária de cada povo.
- Identificar as principais concepções, particularmente religiosas, que influenciaram e influenciam os processos alimentares, habilitando-os a cumprir funções de sociabilidade.
- Apontar as principais contribuições e abordagens a respeito da cozinha ritual presente nos terreiros de candomblé, bem como as práticas de comer e preparação dos alimentos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Ampliar os conhecimentos a respeito da Culinária Brasileira tomando como referencial as contribuições dos negros e dos índios ao longo da nossa história.
- Reconhecer a diversidade das culturas na formação do povo brasileiro.
- Valorizar os rituais africanos e indígenas sejam nas concepções da alimentação, sejam nas concepções de influência religiosa, social e econômica.
- Conhecer os principais alimentos de origens africanas e indígenas, reconhecendo que, muitas das receitas que costumamos comer, são de origem africana e indígenas.
- Fazer exposição das diversidades de contribuições alimentares legadas pelos negros e índios ao longo da história do Brasil para a culinária nacional.

CONTEÚDOS:

1. A COMIDA RITUAL

Comida ritual, nas religiões consideradas afro brasileiras, são as comidas específicas de cada Orixá, cujo preparo requer um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos aos Orixás acompanhados de rezas e cantigas. Durante a festa ou no final, em grande parte são distribuidas para todos os presentes. São chamadas comida de axé, pois acredita-se que o Orixá aceitou a oferenda e impregnou de axé as mesmas.A Iyabassê é a pessoa responsável por cumprir esse ritual. Existem Orixás que não aceitam comidas com azeite de dendê, outros não aceitam mel, outros não aceitam sal, outros não aceitam camarão, etc... A Iyabassê é responsável por saber exatamente como se prepara cada uma dessas comidas, para que elas sejam aceitas pelos Orixás respectivos.

• Abará
• Acaçá
• Acarajé
• Ado
• Amalá
• Axoxô
• Carurú
• Deburu ou Doburu
• Efó
• Ekuru
• Ipeté
• Omolocum
• Xixim de galinha
2. COZINHA BAIANA

A cozinha baiana é plural, rica e variada. A grande contribuição do negro à cozinha baiana é o azeite de dendê e a pimenta - malagueta e a da Costa ou Ataré - trazida pelos negros africanos. Come-se na Bahia dendê, desde a farofa até o feijão. Os doces, no entanto, são quase todos de influência portuguesa, cujas receitas foram trazidas pelas religiosas (freiras) e famílias portuguesas, pois os negros não os conheciam. Entre outras delícias pode-se citar: alféola, ambrosia, bolinhos de goma, bolo de macaxeira, baba-de-moça, cocadas de mamão, abacaxi, amendoim, pudim de tapioca, queijadinha, doces de laranja, cajá e caju. A contribuição indígena também é notada na Bahia, como em qualquer parte do Brasil, nos pratos de milho, na canjica, pamonha e no mingau. Às famosas quituteiras negras deve-se em grande parte a fama e o valor da cozinha da Bahia, com seus quitutes famosos como o acarajé, o abará (bolinhos de feijão), bobó de camarão, caruru, vatapá, xinxim de galinha, arroz-de-haussá, efó, sarapatel, feijoada baiana (com feijão mulatinho).

3. COMIDAS DE SANTO

São alimentos votivos preparados ritualmente e oferecidos aos orixás, aos quais necessitam de suas vibrações para a manutenção da própria força dinâmica. Algumas comidas são preparadas com a carne dos animais sacrificados ritualmente, outras como o peixe, camarão, verduras, legumes, farinhas, etc., muitas são bem temperadas, levando sal (menos de Oxalá), louro e etc., e algumas ainda levam mel.A grande maioria das comidas salgadas é feita no azeite de dendê, ou frita nele. As comidas votivas provém na maioria, da culinária africana, algumas conservando-se exatamente iguais, outras sofrendo algumas modificações. Na umbanda, e mesmo em alguns cultos tradicionais os orixás comem frutas, as comidas variam muito de culto para culto. De modo geral porém, as principais, nos candomblés (algumas adotadas pela umbanda).As comidas não são oferecidas todas de uma vez , sendo feitas algumas em certas festas, outras depois. Todas as semanas as comidas, bebidas, etc., são renovadas em dias certos, cada orixá te o seu , no candomblé após o término de xiré são distribuídas aos assistentes.Nos templos de umbanda diferentemente do candomblé, as comidas são dadas aos guias incorporado, e eles mesmos consomem. Portanto são comidas feitas com condimentos que os médiuns estão acostumados a comer. Geralmente é dada em dias de festas ou acontecimento especial de cada templo.
Pipocas, farofa de farinha de dendê, farinha com pinga, farinha com mel, bife no azeite de dendê, bofe, fígado, coração de boi, acaçá amarelo, carne assada, vinho e mel.

"As comidas votivas não contém pimenta"
Comidas de candomblé: abará, aberém, akassá, akarajé, cabidela, arroz de hauçá, arroz doce, angu, banana da terra frita, bobó de inhame, cuscuz e mingau de carimã, o famoso mingau de cachorro, caruru, chin-chin de galinha, cabidela, cuscuz de milho, inhame e tapioca, efó, feijoada, fejão-de-azeite, meninico, milho assado ou cozido, mungunzá, lelê, pipoca, molho de nagô, rabada, sarapatel e vatapá, muitas delas consumidas somente no terreiro, outras, em número muito reduzido encontradas nas ruas. Muitas dessas receitas já apresentam variações em relação àquelas registradas por Manuel Querino, o que se explica pelo dinamismo desta culinária. Entre as bebidas, destaca-se o aluá ou aruá que, na classificação de Querino, foi colocado entre os produtos tipicamente africanos.

COMIDAS SECAS E COMIDAS DE EJÉ

No terreiro, classificadas quanto à sua origem, existem dois tipos de comidas: a comida seca e a comida de ejé. Diferenciação semelhante chamou a atenção de Carlos Rodrigues Brandão (Brandão, 1981, p.102), ao estudar os lavradores de Mossâmedes, que situam sua comida entre as de origem planta e as de origem animal.
Comidas de ejé são todas aquelas preparadas a partir de animais, suas carnes, vísceras, oferecidas ritualmente aos orixás. As comidas secas são aquelas à base de grãos, raízes, frutos, folhas, legumes e doces. Ou seja, as que “não levam sangue animal”. São chamadas, também, de comidas frias.
Esta classificação, dentro do universo religioso, é de muita importância. Nos osés, obrigações periódicas que visam à manutenção do assentamento dos orixás, reforçando os vínculos entre o iniciado e a divindade, são servidas, obrigatoriamente, as comidas secas preferidas do orixá. Nos dias da semana reservados a cada orixá, é em torno de sua comida seca que os omo orixá, filhose filhas de santo, se reúnem para rezar.

5. O DENDÊ

O azeite conquistou facilmente a preferência da população que se vale do dendê de vários modos e maneiras, seja como tempero, seja como alimento, seja para outros fins. A polpa do coco pode ser comida crua, mais, sempre que possível, os cocos eram fervidos em água e sal, ingerindo depois a polpa, mais tenra e macia. Uma verdadeira guloseima eram cafuné, o coco novo, do olho do cacho que praticamente é apenas polpa, sem amêndoa. O sedimento acumulado no fundo do tacho depois da primeira fervura, o bambá, de coloração turva, era vendido pelas ruas da cidade da Bahia em medidas de folhas-de-flandres e comido com farinha e sal. E, quando o azeite está chegando ao ponto, os últimos restos de borra se aglutinam em forma de torresmos, catetê, de sabor muito apreciado pelos baianos. Manuel Querino conta que os negros faziam vinho de dendê na Bahia – uma beberagem muito estimada na África.(...)".

6. CULINÁRIA DE ORIGEM INDÍGENA

Os primeiros indígenas que provaram a comida de branco não gostaram. Dois deles, levados à nau capitânia e recebidos pelo próprio Pedro Álvares Cabral com muito prazer e festa, provaram o pão, peixe cozido, confeito, farteis (“massa de doce mais ou menos delicada, envolta numa capa de massa”, segundo a definição do Dicionário de Morais), mel, figos secos. Não comeram quase nada – é o depoimento da nossa primeira testemunha ocular da história, o Caminha. E, se provavam alguma coisa, logo cuspiam. Do vinho, mal provaram e não gostaram. Até a água serviu apenas para um bochecho. Gostaram do arroz e do lacão cozido, frio (fiambre), assim como aprovaram as facas de bom gume e fina ponta que os portugueses usavam como objeto pessoal e inseparável. A gente da terra usava como colher, as conchas de mariscos. Não gostaram – de início, pelo menos – foi do açúcar e dos estranhos temperos que fizeram os portugueses navegar, procurando o caminho marítimo para as Índias: cravo e canela, principalmente. Mas gostaram muito da aguardente de uva, assim como os brancos aprovaram a de milho, com a qual os homens da terra se embebedavam, no que eram acompanhados pelos portugueses. A primeira agricultura européia no Brasil foi baseada no conhecimento prático dos índios, seguindo-lhe os métodos e apenas introduzindo novas plantas e os animais domésticos. Mas a gente da terra não servia para a cozinha do branco, que foi obrigado a valer-se da escrava africana, negra.
“Mostraram-lhes (aos nativos) uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como assustados.”
Pero Vaz de Caminha Em carta a El-Rei D. Manuel, Dando notícia da descoberta do Brasil.
Dos indígenas recebemos, principalmente do índio tupi, dois elementos nativos que passariam a integrar a dieta do brasileiro: a mandioca e o palmito. Farinha de mandioca,Beiju ou Biju,Pirão,Pipoca,Tapioca,Cauim.

7.OUTROS...

Querino já chama a atenção para o que chamou de “modificações modernas no arranjo das refeições” e vai dizer: “Às iguarias que o português fazia uso do azeite-de oliveira, o africano adicionava, com eficácia, o azeite-de-dendê ou de cheiro”.E mais: É notório, pois, que a Bahia encerra a superioridade, a excelência, a primazia, na arte culinária do país, pois que o elemento africano, com a sua condimentação requintada de exóticos adubos, alterou profundamente as iguarias portuguesas, resultando daí um produto todo nacional, saboroso, agradável ao paladar mais exigente, o que excede a justificativa fama que precede a cozinha baiana.
Querino distingue os “alimentos puramente africanos” de outros alimentos que dão“algumas noções do sistema alimentar da Bahia.” Do primeiro grupo, ele descreve o akasá, o akarajé, o arroz de hauçá, o efó, o caruru, o ekuru, o xinxim, as bolas de inhame, feijão de azeite (omolocun), o aluá, o dengué, o ebô, o latipá ou amori, o abará, o aberém, a massa, o ipeté, a ádo, o olubó, o oguedê, o efun oguedê, o eran-peterê, além de ressaltar o uso diário da pimenta pelo africano e de bebidas como o aluá e o vinho de palma.
Dentre as noções do sistema alimentar da Bahia, ele inclui: o feijão de leite, a moqueca de peixe fresco, a moqueca de xareu, a moqueca de ovos, o escaldado de peixe fresco, a frigideira de camarão, o peixe sem espinha, a empada de camarões, o arroz de forno, o mocotó, o sarapatel, o peru cheio, a galinha de molho pardo, a galinha de molho branco, a feijoada, a leitoa assada, o vatapá, a maniçoba, a canjica de milho verde, além dos doces, bolos e licores.

ENCAMINHAMENTOS:

• Propor pesquisas, conversas e discussões sobre o assunto para que se confrontem idéias;
• Pesquisas para saber como a alimentação negra e indígena conseguiu perdurar até nos dias de hoje na cultura brasileira;
• Problematizar questões relacionadas a cultura da alimentação dos negros e dos índios;
• Incentivar a troca de informações através de painel aberto, debates, exposições em grupos, pesquisas de campo, etc;
• Realizar entrevistas com pessoas de cultura negra e indígena a respeito da cultura alimentar dos seus povos;
• Realizar exposições sobre as diversas contribuições indígenas e negras na nossa alimentação através de dados informativos, painéis e exposição dos diversos tipos de pratos;
• Confecção de painéis, dados estatísticos, receitas etc;

FECHAMENTO DO PROJETO (CULMINÂNCIA):

Organização de uma exposição (abordando todos os tipos de alimentação negra e indígena) com painéis, informativos, imagens, exposição dos diversos tipos de pratos através de “stands” feitos em barracas ou até mesmo nas salas da Escola. Referências Bibliográficas:

A Cozinha Brasileira - São Paulo: Circulo do Livro S.A. (Edição integral Revista Cláudia - Editora Abril Ltda).

A CULINÁRIA baiana no restaurante do Senac Pelourinho.2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1999.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Plantar, Colher, Comer. Rio de Janeiro: GRAAL, 1981

BRANDÃO, Darwin.A cozinha bahiana. [Salvador]: Livraria Universitária, 1948.

CASCUDO, Luís da Câmara. A Cozinha Africana no Brasil. Luanda: Imprensa Nacional de

Luanda, 1964.

Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Vozes, 1999.

LIMA, Claudia. História do folclore. Recife: PCR. Secretaria de Turismo, 1997. Edição especial, p.13.

LODY, Raul. Cozinha brasileira: uma aventura de 500 anos. In: FORMAÇÃO da culinária brasileira. Rio de Janeiro: Senac CNC-Sesc, [s.d.]

QUERINO, Manuel. Costumes africanos no Brasil. 2ª ed. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/

Massangana, 1988.

Sociedade e Cultura – Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Nova Cultural, 1995.

VIANNA, Hildegardes. A cozinha bahiana: seu folclore e suas receitas. Bahia, Fundação

Gonçalves Moniz. 1955.





PROJETO 03
OLHARES - CONSTRUINDO IDENTIDADES

I D E N T I F I C A Ç Ã O


E N T I D A D E: CEFG

P U B L I C O A L V O: Alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio

T U R N O :

D I R I G E N T E S:

Diretora: x-x-x-x

Vice-Diretora: x-x-x-x

Autor do Projeto: Genivaldo.

P E R Í O D O D E R E A L I Z A Ç Ã O

Pode optar por uma Unidade letiva ou trabalhar durante todo o ano letivo com a conclusão do mesmo no final da IV Unidade fazendo a referida Avaliação do Projeto.

D I S C I P L I N A S E N V O L V I D A S

Língua Portuguesa, Redação, História, Geografia Ciências, Matemática, Artes e Educação Física e inglês.

PROFESSORES: Corpo Docente da Unidade Escolar

“Somente através de uma proposta viva é que podemos trabalhar com as crianças. É assim que elas têm oportunidade de perceberem que o conhecimento é repleto de significado e que ele não pertence apenas em livros, mas nas nossas ações cotidianas e está ao alcance de todos”.

Isto aqui, ô, ô é um pouquinho de Brasil
que canta e é feliz, feliz, feliz
É também um pouco de uma raça que não
tem medo de fumaça, ai ah e não se
entrega não.
Isto aqui, ô, ô é um pouquinho de Brasil
ia, ia
Desse Brasil que canta e é feliz, feliz,
feliz
(...)
Ary Barroso

Introdução
Falar hoje de índios no Brasil significa falar de uma diversidade de povos, habitantes originários das terras conhecidas na atualidade como continente americano. São povos que já habitavam há milhares de anos essas terras, muito antes da invasão européia. Segundo uma definição técnica das Nações Unidas, de 1986, as comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos.
Desde a última década do século passado vem ocorrendo no Brasil um fenômeno conhecido como “etnogênese” ou “reetinização”. Nele, povos indígenas que, por pressões políticas, econômicas e religiosas ou por terem sido despojados de suas terras e estigmatizados em função dos seus costumes tradicionais, foram forçados a esconder e a negar sua identidade tribal como estratégia de sobrevivência – assim amenizando agruras do preconceito e da discriminação – está reassumindo e recriando as suas tradições indígenas. Esse fenômeno está ocorrendo principalmente na região Nordeste e no sul da região Norte, precisamente no estado do Pará.
A criação de organizações indígenas formais que representem os seus interesses perante a sociedade nacional e global e por meio das quais possam ser construídas alianças para resolverem suas demandas constitui um passo importante na redefinição do lugar dos povos indígenas no Brasil.
Neste sentido, os povos indígenas brasileiros de hoje são sobreviventes e resistentes da história de colonização européia, estão em franca recuperação do orgulho e da auto-estima identitária e, como desafio, buscam consolidar um espaço digno na história e na vida multicultural do país.
A riqueza da diversidade sociocultural dos povos indígenas representa uma poderosa arma na defesa dos seus direitos e hoje alimenta o orgulho de pertencer a uma cultura própria e de ser brasileiro originário. A cultura indígena em nada se refere ao grau de interação com a sociedade nacional, mas com a maneira de ver e de se situar no mundo; com a forma de organizar a vida social, política, econômica e espiritual de cada povo. Neste sentido, cada povo tem uma cultura distinta da outra, porque se situa no mundo e se relaciona com ele de maneira própria.

O Brasil é um dos países que mais possui população negra em todo o mundo. Isso, devido aos mais de 4 milhões de homens, mulheres e crianças que foram trazidas para cá com o comércio de escravos nos meados do ano 1500.
Os escravos conseguiram sua liberdade, porém continuaram sendo descriminados, humilhados e mal tratados. Muitos não possuíam bens e local para morar, o que gerou problemas, como as favelas que hoje encontramos no Rio de Janeiro, por exemplo.
Hoje, “os afros – brasileiros” se destacam na música, no meio comercial, no teatro, em filmes, no meio empresarial e em muitos outros meios no Brasil, muitas vezes superando aqueles brancos que se diziam insuperáveis.
Feito esse retrato da realidade desigual de brancos e negros na sociedade brasileira contemporânea, cabe perguntar: qual deve ser a nossa postura? Se as condições não são iguais, devemos simplesmente aceitar a situação, sem dizer nada, e apenas nos lamentar?
Chega de dizer que o povo negro sofreu e chorou. Sa¬bemos das atrocidades da escravidão, do racismo e, conseqüentemente, das desigualdades sociais e raciais deste país. Contudo, é com o propósito de enfrentá-las e aprendermos com quem não quis mais constatar o sofrimen¬to e se ergueu, e se ergue, “além da dor”, que precisamos transitar. Saber o que esse povo fez e faz, como se superou, como afirma positivamente a vida, que sabedoria carrega, como se organizou para estar aqui, a despei¬to de todo um processo de “embranquecimento” da população, que saberes construíram historicamente e como influenciou a humanidade. Não queremos a alienação, nem queremos colocar o lixo da História debaixo do tapete. Queremos, sim, dizer: “Chega de nos fixarmos na dor, na carência, na subalternidade!” É urgente olharmos para os milagres de fé na vida, na existência, que o povo negro produziu. Esse é um dos nossos desafios.

A P R E S E N T A Ç Ã O

O professor Genivaldo, juntamente com os demais professores e alunos do CEFG, pretende na 2º Unidade letiva de 2010, desenvolver o PROJETO OLHARES - CONSTRUINDO IDENTIDADES, com o objetivo de falar de uma diversidade de dois povos: NEGROS E ÍNDIOS.Uma riqueza da diversidade sociocultural dos povos indígenas e afro-brasileiros que ainda precisa ser visto com UM NOVO OLHAR: O olhar da construção de identidades livre de qualquer preconceito.

J U S T I F I C A T I V A

Aprofundar-se nas causas e conseqüências da dispersão dos africanos e dos povos indígenas pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão.
Enfocar as contribuições dos africanos e dos índios para o desenvolvimento da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro e indígena.
A questão racial é assunto de todos e deve ser conduzida para a reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus e de outros povos, bem como das contribuições dos índios na nossa formação e crescimento do país.
Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização e respeito aos negros e à cultura africana e a inserção dos povos indígenas dentro das suas reservas e reconhecimento das suas culturas.
Segundo, Gersem dos Santos, falar hoje de índios no Brasil significa falar de uma diversidade de povos, habitantes originários das terras conhecidas na atualidade como continente americano. São povos que já habitavam há milhares de anos essas terras, muito antes da invasão européia. Segundo uma definição técnica das Nações Unidas, de 1986,as comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que,contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos.
Completa ele ainda que,o processo de reafirmação das identidades étnicas, articulado no plano estratégico pan-indígena por meio da aceitação da denominação genérica de índios ou indígenas, resultou na recuperação da auto-estima dos povos indígenas perdida ao longo dos séculos de dominação e escravidão colonial.
A escola sempre pintou uma África pobre, e uma população índia sem história própria, possuidora de uma população subalterna, sem-cultura e escravizada. Precisamos urgentemente reverter esse quadro e esse projeto surge para tentar tirar do anonimato a verdadeira história da África e de seu povo, e dos povos indígenas,bem como, abrir um leque de discussões em torno da diversidade cultural existente em nosso país, a fim de que a mesma seja respeitada e valorizada
Num mundo de grandes desigualdades, nem sempre é fácil lidar com a di¬ferença. Ela está em toda parte. Por vezes, é mais simples percebê-la quando a questão envolve apenas dois times de futebol, duas religiões, dois partidos políticos, duas formas de agir.
Na abordagem de temas mais complexos, ou simplesmente se a proposta exige um exercício crítico rigoroso, podemos di¬zer que, mesmo entre os mais semelhantes, habitam numerosas diferenças – afinal, cada ser humano é único no conjunto de suas características. Saberes e fazeres, v.1 : modos de ver.
Ainda, segundo o Módulo Saberes e fazeres, v.1 : modos de ver, O primeiro passo para mudar esse quadro é o entendimento de que há, sim, uma discriminação racial. Ela acontece ora de maneira mais explícita, como nas piadas, ora de forma mais velada. O número reduzido de negros ocupando os cargos mais altos das empresas é um bom exemplo. De um modo ou de outro, a ação silenciosa do preconceito tem mantido os índices de desigualdade em patamares inaceitáveis para um país que se pretende democrático. De posse dos números e observando a realidade com alguma isenção, devemos deixar de lado o mito de que as condições são iguais.

O B J E T I V O G E R A L
- Conhecer, através de pesquisas e atividades em sala de aula, alguns aspectos importantes do contexto da escravidão negra, e da presença indígena no nosso país, ressaltando os valores que impulsionaram e orientaram as suas vidas e a formação das suas identidades;

- Aprender a respeitar os índios e negros com a finalidade de construir novos OLHARES a partir de uma cidadania numa sociedade pluriétnica e pluricultural;

Objetivo Proposto nos PCN’S de interesse no presente projeto:

- Conhecer e Valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais.

O B J E T I V OS E S P E C Í F I C O S

- Promover o crescimento do aluno como ser crítico

- Oferecer aos alunos conhecimentos que lhes permitam buscar a superação do racismo, preconceito e das desigualdades históricas entre negros, índios e brancos.

- Proporcionar aos alunos momentos de reflexão sobre a riqueza presente nas diferentes culturas;

- Formar conceitos que contribuam para a construção da identidade cultural individual e coletiva;

- Desenvolver a co-responsabilidade pela vida social como compromisso individual e coletivo;

- Destacar as diferentes formas de racismo e discriminação através do resgate da memória cultural do povo negro e indígena;

- Estimular o respeito aos direitos humanos e exclusão de qualquer tipo de discriminação;

- Refletir e criticar as diferentes posições da sociedade em relação ao povo negro e aos povos indígenas;

- Destacar a cultura negra e indígena como bela e indissociável do povo brasileiro;

PROPOSTA DE ATIVIDADES POR CADA DISCIPLINA

LÍNGUA PORTUGUESA
- Levantar o vocabulário usado pelos indígenas e descobrir seus significados;

- Orientar os alunos para elaborarem pequenos textos sobre cada descoberta realizada;

- Ler histórias originalmente indígenas ou que tratem do indígena e seus valores;

- Organizar um dicionário ilustrado com as palavras indígenas.

- A mulher negra na nossa sociedade;

- Música: Criola ( Jorge Bem Jor ).

REDAÇÃO

- Produzir, utilizando diferentes formas de expressão, textos individuais e coletivos sobre os debates e as reflexões do assunto;

- Leitura e produção de textos narrativos sobre preconceito racial;

- Leitura de imagens: várias realidades vivenciadas por negros.

HISTÓRIA

- Reconhecer os modos de vida dos índios, sua cultura, sua alimentação, formas de trabalho e sobrevivência;

- Refletir e opinar sobre o papel do índio na formação da nação brasileira

- O racismo/ preconceito racial;

- O processo de abolição;

- Apresentação de figuras ilustres negras e mestiças da história brasileira passada e atual, bem como de pessoas afro brasileiro e indígena do convívio do aluno (Alunos farão uma exposição de fotos de personagens da sua comunidade que sejam afros descendentes e de povos indígenas);

- Música: Cidadão (Morais Moreira e Capinam);

- As contribuições dos negros africanos para formação da identidade brasileira;

- Produção de textos.

GEOGRAFIA

- Localizar em Mapa ou Globo Terrestre pontos do território nacional onde ainda vivem tribos indígenas;

- Comparar o modo de vida dos índios de outras regiões com o modo de vida dos índios que ainda habitam a floresta amazônica

- Diversidade étnica e cultura;

- Formação do povo brasileiro;

- As migrações;

- A África – Apartheid;

- Preconceito racial

CIÊNCIAS
- As doenças tipicamente africanas

- Leitura e análise de textos que refletem as condições subumanas vivenciadas por muitos negros em nosso país;

- O negro e as drogas

- Palestra com psicóloga e assistente social

MATEMÁTICA

- Textos que retratem a discriminação racial contendo dados numéricos;

- Elaboração de questionário e realização de pesquisa sobre discriminação racial;

- Construção e análise de gráficos;

ARTES E EDUCAÇÃO FÍSICA

- Observar manifestações de arte da cestaria, da cerâmica, da plumaria e de outros objetos de cerdas vegetais e cordas, realizados pelos índios de hoje e de antigamente;

- Vivenciar através de músicas sobre o tema um pouco da cultura indígena – cantando e dramatizando;

- Vivenciar através de atividades artísticas manuais e plásticas um pouco da cultura indígena, criando objetos e instrumentos musicais.

- A influência africana na nossa culinária, na dança, na música, na vivência religiosa e no jeito de ser brasileiro;

- Confecção de instrumentos musicais;

- Apresentação de peças teatrais, fantoches, recitais, exposições.

INGLÊS

- Identificação e tradução de palavras referentes aos seguintes temas:

- Pobreza;

- Discriminação;

- Injustiça;

- Construção de painéis informativos

O P E R A C I O N A L I Z A Ç Ã O
Deverá ser feita por série, mediante a escolha das atividades feita pelos professores da forma mais prática e de acordo à realidade da sua turma.

Avaliação do Projeto.

A avaliação nesse projeto se dará durante todo o processo para que o professor medie adequadamente o processo de construção de cada aluno, proporcionando a superação das dificuldades e a aquisição de novas aprendizagens. Além da avaliação no processo, realizar-se-á também a avaliação do projeto como proposta metodológica, a qual será feita no término dos trabalhos através de depoimentos (escritos e/ou orais) de todos os envolvidos.

Os objetivos serão alcançados se provocarem transformação comportamental, resgate da autoconfiança, sentimentos de auto-aceitação, transformação da auto-imagem de negativa em positiva, percepção da igualdade dos seres humanos legal e moralmente, percepção das diferenças como naturais e não como elementos de inferiorização, percepção de que os preconceitos são aprendidos no cotidiano.

Bibliografia

LUCIANO, Gersem dos Santos, O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje /– Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

Saberes e fazeres, v.1 : modos de ver / coordenação do projeto Ana Paula Bran¬dão. - Rio de Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2006 116p. : il. color. - (A cor da cultura)


TÍTULO: Projeto Olhares III : Da Escravidão ao  movimento  negro brasileiro: Sofrimentos, Lutas, Realidades, Problemas, Caminhos, Conquistas, Contribuições  e Histórias.
PÚBLICO ALVO: Alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO: IV Unidade – com culminância no dia 20 de novembro.

Mensagem:
Quantos heróis nós matamos?
Hoje paro pra pensar na infinidade de heróis que eu deixei de ter,
Vejo que os heróis que cultuo não são meus, 
Mas que na sua maioria são programados, automatizados.
A divindade heróica deixou de ser sobrenatural para ser mecânica e manter o julgo de um sistema opressor.
Os heróis brasileiros não sentem dor, os heróis brasileiros...
Eles não cabem em mim, hoje posso concordar,
Ontem eles cabiam, e eu os recebia numa posição de servidão.
Eu menino, não me via em nenhum lugar, não tinha foco objeto ou a quem desejar.
Cultuar um negro? Deus-o livre meu netinho!
Você é moreno não é neguinho.
Nunca me vi em meus brinquedos, nas canções ou na tv.
Quem eu era até hoje não sei.
Os heróis brasileiros não sentem dor, os heróis brasileiros...
Aos vinte e poucos volto a procurar um herói negro que possa cultuar.
Um herói de resistência, preto em alma e em cor.
Um herói forte, morto pela força de quem o aprisionou, 
Um herói que transpira ou que na terra muito já chorou.
Volto ao passado e busco meus bisavós, ou poderiam ser os seus,  em nada iria mudar,
Encontro uma vitória e uma dor imaginas o quanto que esse povo sofreu e perdeu. 
Mas que sempre ergueu os olhos e lutou.
Os heróis brasileiros não sentem dor, os heróis brasileiros...
Todo o dia te lembre do preto safado, que no eito e no trabalho conseguiu te fazer negão.
Lembre da negra que calada dormia com patrão, por causa do silêncio conseguiu te fazer negão.
Lembras das chibatadas, as incontáveis, que em nosso lombo nunca doeu...
Marcou...
Lembre que delas muitos dos nossos padeceram e alguns de nossos guerreiros  morreram com o lombo sangrando sem dizer não  e calar seu negro coração.
Vamos erguer monumentos a esse povo, não nas ruas, não nas praças,   mas em nossa pele já marcada.
Deixe pulsar o negro em você, ouça o tambor e não fique calado.
Ricardo Fernandes

SÍNTESE
O tráfico negreiro pode ser considerado nos dias de hoje como uma das maiores atrocidades e tragédias da nossa história, pois além de durar séculos. Tirou de forma brutal os povos negros das suas terras, das suas famílias, dos seus costumes, das suas crenças. As presenças desses povos são traçadas com muitos Sofrimentos, Lutas, Realidades, Problemas, Caminhos, Conquistas, Contribuições  e Histórias.
A presença do negro no contexto histórico mundial e, sobretudo, brasileiro é marcada por intensa exclusão, exploração e marginalização. O povo negro sofreu e sofre inenarráveis danos sociais, por causa da atuação de grupos sociais que se auto consideravam onipotentes e superiores. Após serem retirados a força de seus locais de origem, os negros eram embarcados nos Navios Negreiros ou Tumbeiros. De acordo, com registros da época - 15% dos negros embarcados nos navios morriam na travessia transoceânica. Ao chegar à América, o escravo africano se deparava com um mundo que em tudo lhe era estranho e hostil.
Mal desembarcavam dos navios, os negros eram conduzidos ao trabalho: plantio da cana-de-açúcar, mineração e outros trabalhos manuais foram o mais comum. Já as negras, cabia fazer todo o serviço doméstico, atender às necessidades das esposas e filhos do senhor, além de satisfazer sexualmente seus donos brancos.
(Wagner Oliveira. Graduado em Pedagogia pela UERJ/FEBF. Professor da Rede Municipal do Rio de Janeiro).
Apesar do mito da democracia racial, os índices de desigualdade econômica e social entre negros e brancos demonstram o grau de racismo existente no país. A idéia de que não existe discriminação racial no Brasil foi amplamente difundida durante o regime militar. O Censo de 1970 não incluía a categoria "raça" e, portanto, não se estimulava o debate sobre a questão racial no país. Mesmo assim, estudos realizados no Brasil e no exterior demonstram que apesar das desigualdades estarem baseadas em classes sociais, o fator racial deve ser incluído nesse tipo de análise. De acordo com Florestan Fernandes, a discriminação que afeta as pessoas de cor escura no Brasil é consequência de uma mistura entre preconceito racial e de classe. Por isso que as lutas pelas liberdades foram fortemente conduzidas pelo movimento negro no Brasil, pois,
A história do movimento negro no Brasil se confunde com a história da luta pela democracia. A presença negra na história da democracia eclode fortemente nos
períodos de recrudescimento das lutas pelas liberdades democráticas. Assim foi em 1945, em 1978, e mesmo mais recentemente, em 2001. (Januário Garcia).
Uma pesquisa do Datafolha, realizada em 1995, revelou que 89% da população acreditava que os brancos eram preconceituosos em relação aos negros. Essa pesquisa incluiu também referências a 12 expressões de conteúdo racista, entre elas: "o bom negro tem alma branca" e "quando o negro não suja na entrada, suja na saída", e revelou que 87% dos brancos concordavam com pelo menos um desses dizeres.
Os anos de 1970 abriram as portas para o reflorescer de uma nova liderança há anos representada, permitindo o renascimento da luta contra discriminação racial em articulação com a luta pelas liberdades democráticas. A partir de uma desenfreada atenção e clamor dos protestos contra a violência para com os negros estava aberta a luta moderna do Movimento Negro possuidor de características marcantes que foi a militância disciplinada, organizada em núcleos e focada na luta contra o racismo. Foi o grande Movimento Negro na luta pela democracia e cidadania racial. Onde nasce o grito evocativo de um novo segmento do movimento de massas, tanto no cenário político como no imaginário nacional.
Ingressamos no século XXI com esse legado e – mais uma desafiante etapa -, com os resultados da Conferencia de Durban, em 2001, quando se estabeleceram as políticas de Ações Afirmativas para a população afro-brasileira. Uma vez mais testemunhamos mudanças. Agora a denominaremos de salto cognitivo, em compasso com o salto político dos anos 1970, quando unificávamos antirracismo e democracia.
JUSTIFICATIVA
Perguntas sempre são colocadas nas nossas discussões, nos nossos comentários quando abordamos assuntos referentes ao nosso Brasil. O Brasil que ainda esconde a sua verdadeira “cara”, que esconde sua verdadeira história uma vez que perguntas como: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?
Perguntas que cotidianamente fazemos para tentarmos conhecer a nós mesmos e reconhecer os outros, no sentido de identificação e definição da nossa etnia, das nossas culturas, mas que os Olhares se voltam em grande parte para os olhares de puro  preconceitos, de julgamentos e de contrastes sociais e de desigualdades.
É partindo desses pressupostos que deveremos ter um olhar onde a aprendizagem e o conhecimento sobre o Brasil deve ser pautado em aprender a conhecer a história e a cultura de cada um dos componentes que compõem a nossa história e cada componente daqueles que contribuíram de forma bastante positiva as contribuições na nossa cultura e na história de todo um país que cresceu e se desenvolveu, mas que ainda é estigmatizado por olhares diferenciados.
Entender a nossa história e a nossa identidade, conhecendo culturas dos povos que aqui viveram e vivem , mas que infelizmente não é dessa forma que são passadas. Histórias que foram ensinadas de forma bem tradicional nas nossas escolas e sistematizada pela nossa historiografia atual.
Mas qual a origem da escravidão, desta forma de exploração da mão-de-obra? A escravidão sempre se manifestou do mesmo modo que no Brasil colonial? Quais as imagens que temos em mente quando nos referimos ao continente africano? Como eles viviam e passaram a viver no Brasil? Quais tradições desenvolviam e legaram ao nosso seio cultural?
Desenvolver, portanto o estudo e compreensão da presença africana no Brasil.
OBJETIVO GERAL
- Superar as desvantagens e desigualdades que atingem os grupos historicamente discriminados na sociedade brasileira, promovendo a igualdade entre os diferentes, focando as contribuições, problemas, realidades, caminhos sofrimentos e contribuições legadas a nossa realidade social, cultural, religiosa e educacional.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Oportunizar aos alunos informações que permitam buscar superações do preconceito e do racismo, levando-os a conhecer a trajetória negra desde a escravidão até os movimentos de buscas e de autoafirmação;
- Conhecer  os sofrimentos, conquistas, caminhos, realidades, lutas e contribuições que os negros e afrodescendentes passaram no trajeto da sua história desde a diáspora africana para o Brasil;
- Destacar as principais trajetórias vividas pelos negros partindo do tráfico dos seus povos até os movimentos sociais, culturais e religiosos nos dias de hoje.
- Apontar os avanços adquiridos na luta da sua identidade e de autoafirmação.
OBJETIVO PROPOSTO NOS PCN`S DE INTERESSE NO PRESENTE PROJETO
- Conhecer características fundamentais dos povos negros e afrodscendentes nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
- Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, continuidades e descontinuidades, conflitos e contradições sociais;
- Valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como condição de efetivo fortalecimento da democracia, mantendo-se o respeito às diferenças e a luta contra as desigualdades.
CONTEXTUALIZAÇÃO
As várias contribuições dos africanos trazidas para o nosso país, dos quais descendemos, são de uma importância enorme que são asseguradas sobre um tripé  de ordem econômica, demográfica e cultural, pois os negros serviram como uma grande força de trabalho, nos fornecendo a mão-de-obra que necessitávamos para as lavouras de cana-de-açúcar, algodão, café e mineração, que diga-se de passagem foi escravizada e sem remuneração, desumana e de condições bem precárias.
Ajudaram-nos no nosso povoamento. Temos legados na língua portuguesa do Brasil, no campo da religiosidade, na arte visual, na dança, na música, na arquitetura, dentre outros.
Portanto, espera-se um olhar mais aguçado partindo da sua cronologia que se estende no nosso país desde a escravidão ao movimento negro brasileiro: Com seus sofrimentos, lutas, realidades, problemas, caminhos, conquistas, contribuições e histórias, onde a principal proposta será a de conhecer e respeitar o modo de vida desses  grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, continuidades e descontinuidades, conflitos e contradições sociais. Admitir que a condição de efetivo fortalecimento da democracia e da cidadania é fazer respeitar as diferenças e a luta contra as desigualdades, reconhecendo ainda mais a pluralidade cultural sensibilizando-se para uma postura de pertencimento e de reconhecimento de um povo que no sofrimento lutou, conquistou e traçaram caminhos para o desenvolvimento e engrandecimento do nosso país.
Reconhecer ainda mais que, o Brasil possuidor de uma das maiores e melhores culturas do mundo, tem que se reconhecer dentre tantas outras a presença desses povos na construção da identidade de um país étnico, racial e plural.
DESCRIÇÃO DO PROJETO
Faremos pesquisas, estudos e discussões em grupos nas salas de aula pontuando características e descobertas dos seguintes pontos abaixo a considerar:

A Implantação da Escravidão no Brasil
(Pontuar o tráfico de negros e pontuar algumas considerações no filme Amistad: A história remonta ao ano de 1839 e é baseada em factos verídicos que ocorreram a bordo do navio La Amistad. O filme relata a luta de um grupo de escravos africanos em território americano, desde a sua revolta até seu julgamento e libertação.  )
Dum Diversas foi uma bula papal publicada em 18 de Junho de 1452 pelo Papa Nicolau V., que através dessa Bula, dirigida ao rei Afonso V de Portugal, afirmava
"(...) nós lhe concedemos, por estes presentes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo, onde quer que estejam, como também seus reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades (...) e reduzir suas pessoas à perpétua escravidão, e apropriar e converter em seu uso e proveito e de seus sucessores, os reis de Portugal, em perpétuo, os supramencionados reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades, possessões e bens semelhantes (...)."
Esta bula é considerada por historiadores como uma resposta à ameaça sarracena, quando houve o grande choque cultural entre cristãos, muçulmanos e pagãos, conhecidos e temidos pelos cristãos por fazerem escravos, matarem e estuprarem. A Bula tinha por objetivo final, contudo, a conversão dos muçulmanos e pagãos escravizados.

Lei Complementar à Constituição de 1824
"... pela legislação do império os negros não podiam freqüentar escolas, pois eram considerados doentes de moléstias contagiosas ." Os poderosos do Brasil sabiam que o acesso ao saber sempre foi uma alavanca de ascensão social, econômica e política de um povo. Com este decreto, os racistas do Brasil encurralaram a população negra nos porões da sociedade. Juridicamente este decreto agiu até 1889, com a proclamação da República. Na prática a intenção do decreto funciona até hoje. Por exemplo: por que as escolas das periferias não têm, por parte do governo, o mesmo tratamento qualitativo que as escolas das cidades? Como é que uma pessoa afrodescendente favelada terá motivação para estudar numa escola de péssima qualidade?
Lei das Terras de 1850, No 601.
Quase todo o litoral brasileiro estava povoado por QUILOMBOS. Os quilombos eram formados por negros que, através de diferentes formas conquistavam a liberdade.
Aceitavam brancos pobres e índios que quisessem somar aquele projeto. Lá viviam uma alternativa de organização social, tendo tudo em comum. As sobras de produção eram vendidas aos brancos das vilas. O sistema, percebendo o crescimento do poder econômico do negro e que os brancos do interior estavam perdendo a valiosa mão -de- obra para sua produção, decreta a LEI DA TERRA: “... a partir desta nova lei as terras só poderiam ser obtidas através de compra. Assim, com a dificuldade de obtenção de terras que seriam vendidas por preço muito alto, o trabalhador livre teria que permanecer nas fazendas, substituindo os escravos”.
Guerra do Paraguai (1864-1870)
Foi um dos instrumentos usados pelo poder para reduzir a população negra do Brasil. Foi difundido que todos os negros que fossem lutar na guerra, ao retornar receberiam a liberdade e os já livres receberiam terra. Além do mais, quando chegava a convocação para o filho do fazendeiro, ele o escondia e no lugar do filho enviava de cinco a dez negros.
Antes da guerra do Paraguai, a população negra do Brasil era de 2.500.000 pessoas (45% do total da população brasileira). Depois da guerra, a população negra do Brasil se reduz para 1.500.000 pessoas (15% do total da população brasileira).
Lei do Ventre Livre (1871)
Esta lei até hoje é ensinada nas escolas como uma lei boa: “Toda criança que nascesse a partir daquela data nasceria livre.” Na prática, esta lei separava as crianças de seus pais, desestruturando a família negra. O governo abriu uma casa para acolher estas crianças. De cada 100 crianças que lá entravam, 80 morriam antes de completar um ano de idade.
O objetivo desta lei foi tirar a obrigação dos senhores de fazendas de criarem nossas crianças negras, pois já com 12 anos de idade as crianças saíam para os QUILOMBOS à procura da liberdade negada nas senzalas. Com esta lei surgiram os primeiros menores abandonados do Brasil. Em quase todas igrejas do Brasil os padres tocaram os sinos aplaudindo a assinatura desta lei.
Lei do Sexagenário (1855)
Também é ensinada nas escolas como sendo um prêmio do “coração bom” do senhor para o escravo que muito trabalhou. “Todo escravo que atingisse os 60 anos de idade ficaria automaticamente livre”.
Na verdade esta lei foi a forma mais eficiente encontrada pelos opressores para jogar na rua os velhos doentes e impossibilitados de continuar gerando riquezas para os senhores de fazendas, surgindo assim os primeiros mendigos nas ruas do Brasil.
Decreto 528 das imigrações europeias (1890)
Com a subida ao poder do partido Republicano, a industrialização do país passou a ser ponto chave. A indústria precisava, fundamentalmente de duas coisas: matéria prima e mão de obra. Matéria prima no Brasil não era problema. Quanto à mão de obra, o povo negro estava aí, disponível! A mão de obra passou a ser problema quando o governo descobriu que se o negro ocupasse as vagas nas indústrias, iria surgir uma classe média negra poderosa e colocaria em risco o processo de embranquecimento do país. A solução encontrada foi decretar, no dia 28 de junho de 1890 a reabertura do país às imigrações
Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares é um conhecido líder quilombola. Sua história começa em 1655 com seu nascimento em Alagoas, em um dos mocambos de Palmares. Aos quinze anos, em 1670, Zumbi foge para o Quilombo de Palmares onde obtém reconhecimento pelas suas habilidades marciais. Com apenas vinte anos (1675) já é um respeitável estrategista militar e guerreiro, atuando na luta contra os soldados do Sargento-mor Manuel Lopes.
Revolta dos Malês
A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu na cidade de Salvador (província da Bahia) entre os dias 25 e 27 de janeiro de 1835. Os principais personagens desta revolta foram os negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros). Apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem negros e seguidores do islamismo. Em função destas condições, encontravam muitas dificuldades para ascender socialmente.
Os revoltosos, cerca de 1500, estavam muito insatisfeitos com a escravidão africana, a imposição do catolicismo e com o preconceito contra os negros.
Portanto, tinham como objetivo principal à libertação dos escravos. Queriam também acabar com o catolicismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que chegavam ao Brasil), o confisco dos bens dos brancos e mulatos e a implantação de uma república islâmica.
Revolta dos Alfaiates
A Revolta dos Alfaiates, ou Conjuração Baiana, foi um movimento ocorrido em 1798, que contou com o apoio da elite, mas sobretudo das camadas populares, como os negros e mulatos, artesãos, pequenos comerciantes, escravos, alfaiates e libertos.
A Guerra da Balaiada
A Balaiada foi uma importante revolta popular que eclodiu na província do Maranhão, entre os anos de 1838 e 1841. Nessa época, a economia algodoeira maranhense entrou em decadência quando a produção dos Estados Unidos se normalizou com o fim da guerra da independência, retomando o fornecimento para a Inglaterra e ao mesmo tempo sendo feroz concorrente do algodão maranhense. A profunda crise econômica e o quadro de miséria do sertanejo, dos artesões e dos negros escravos explicaram os rumos tomados pela Balaiada.
Resistencia religiosa: Capoeira – Candomblé
A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte-marcial, esporte, cultura popular e música. [carece de fontes]
Desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos com alguma influência indígena, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.
O candomblé é uma religião africana trazida para o Brasil no período em que os negros desembarcaram para serem escravos. Nesse período, a Igreja Católica proibia o ritual africano e ainda tinha o apoio do governo, que julgava o ato como criminoso, por isso os escravos cultuavam seus Orixás, Inquices e Vodus omitindo-os em santos católicos.
Nelson Mandela
Nelson Rolihlahla Mandela foi um líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento anti-apartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um terrorista e passou quase três décadas na cadeia.
Homens e mulheres negros: notas de vida e de sucesso: Ademar Fereira da Silva, Carolina de Jesus, Cartola, Castro Alves, Chica da Silva, Lima Barreto, Clementina de Jesus e Lélia González
Precisa-se de um exército de líderes, de um exército de pessoas inteligentes, de um exército de homens negros e mulheres negras agindo dignamente, para enquanto maioria populacional, podermos conquistar os espaços de poder político e econômico, tão fundamental para a igualdade concreta.
O Negro e as ações afirmativas: As cotas.
As cotas raciais são a reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para grupos específicos classificados por etnia, na maioria das vezes, negros e indígenas. Surgida nos Estados Unidos na década de 1960, as cotas raciais são consideradas, pelo conceito original, uma forma de ação afirmativa, algo para reverter o racismo histórico contra determinadas classes étnicas. Apesar de muitos considerarem as cotas como um sistema de inclusão social, existem controvérsias quanto às suas consequências e constitucionalidade em muitos países. A validade de tais reservas para estudantes negros no Brasil foi votada pelo Supremo Tribunal Federal em 2012. O STF decidiu por unanimidade que as cotas são constitucionais.
O negro e o mundo do trabalho
O aspecto mais perverso da discriminação no espaço de trabalho se dá nos processos de promoção ou mobilidade para cargos de chefia, liderança ou comando, que têm maiores responsabilidades, visibilidade e remuneração.
Danças africanas e/ou afrodescendentes ( estilos musicais da juventude negra: rap e funk).
A dança é uma das maiores representações de uma cultura popular, ela “pode ser maior que reunião de técnicas, quando se propõe a ser instrumento de transformação social e difusão histórico cultural.”
A dança afro surgiu no Brasil no período colonial, foi trazida por africanos retirados do seu país de origem para realizarem trabalho escravocrata em solo brasileiro.
Músicas africanas e/ou afrodescendentes.
As danças africanas variam muito de região para região, mas a maioria delas tem certas características em comum. Os participantes geralmente dançam em filas ou em círculos, raramente dançam sós ou em par. As danças chegam a apresentar algumas vezes até seis ritmos ao mesmo tempo e seus dançarinos podem usar máscaras ou enfeitar-se.
Gastronomia do legado africano e afrodescendente.
A culinária baiana é caracterizada pelo tempero exótico à base de azeite de dendê, leite de coco, gengibre e pimenta, heranças da cultura africana. O acarajé, o caruru e o vatapá  são pratos típicos, de fama internacional, que podem ser degustados nos tabuleiros das baianas, nas ruas de Salvador.
Em cerimônias religiosas, nos terreiros de candomblé, alguns pratos são preparados para serem ofertados aos orixás.
Durante a fase inicial do projeto o professor juntamente com os alunos irão realizar pesquisas, estudos, intervenções, debates, entrevistas, enquetes em sala de aula e na comunidade. Ao final do projeto, no momento da culminância serão feitas apresentações na área da escola montando apresentações referentes a cada tema de estudo, através de museus, stands, coreografia, etc., onde a comunidade será convidada à participar para socializar-se com as atividades os resultados obtidos no decorrer de toda a unidade de estudo.
RESULTADOS OBTIDOS
Aguardar final do projeto no final de novembro 2012.
AVALIAÇÃO DO PROJETO
No processo de avaliação foi considerado  o conhecimento prévio, as hipóteses e os domínios que os alunos possuíam relacionando  com as mudanças que ocorrem no processo de ensino e aprendizagem. A partir daí, identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos, procedimentos e atitudes como conquistas dos estudantes, comparando o antes, o durante e o depois  da saga do povos negros e afrodescendentes. Uma avaliação com um  caráter diagnóstico e possibilitando ao educador avaliar o seu próprio desempenho como docente, refletindo sobre as intervenções didáticas durante as pesquisas, estudos e intervenções e outras possibilidades de como atuar no processo de aprendizagem dos alunos, principalmente o papel que o aluno precisa desempenhar como crítico na construção das identidades de pertencimento, desenvolvendo a partir daí o compromisso de respeito individual e coletivo de uma história real e que merece nossas considerações como interventores  na construção de um país que é étnico, plural e que tem ações afirmativas para contar.
Possibilitar aos envolvidos a oportunidade de mostrar e responder aos objetivos traçados neste projeto, em especial os propostos nos PCN”s.
BIBLIOGRAFIA
MEC. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : história / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC / SEF, 1998. 108 p.
GARCIA, Januário - 25 anos 1980 – 2005 – Movimento negro no Brasil. -Edição Fundação Cultural Palmares , 1ª Edição, Brasília, DF, 2006
MUNANGA, Kabengele. GOMES, Nilma Lino. Para entender o negro no Brasil de hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos. Coleção Viver, Aprender- 2006. 2ª Edição.
http://www.social.org.br/relatorio2000/relatorio014.htm.  Acessado em 06.09.2012.
www.educafro.org.br/downloads/SeteAtosOf… - Acessado em 16.09.12