O homem não vive somente de pão; a História não tinha mesmo pão; ela não se alimentava se não de esqueletos agitados, por uma dança macabra de autômatos. Era necessário descobrir na História uma outra parte. Essa outra coisa, essa outra parte, eram as mentalidades\" Jacques Le Goff

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Por mínimo de R$ 545, Dilma decide corrigir tabela do IR

Na semana em que tenta emplacar no Congresso o salário mínimo de R$ 545, o governo decidiu que irá corrigir em 4,5% a tabela do Imposto de Renda para 2011, informa reportagem de Ana Flor, publicada nesta segunda-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

O reajuste da tabela significa que o trabalhador vai pagar menos imposto.

Em outras palavras, o governo aceita arrecadar menos para evitar o impacto nas contas de um mínimo acima dos R$ 545 --o salário é base para o pagamento de aposentadorias pelo INSS.

A votação do mínimo, marcada para quarta-feira, será o primeiro teste de fidelidade da base aliada do governo de Dilma Rousseff. Com a correção da tabela, o Planalto avalia que poderá convencer parte da base descontente com os R$ 545.

As centrais, que defendiam uma correção do IR em 6,46%, não têm seu pleito atendido integralmente, mas conseguem manter uma regra que deixou de valer no ano passado.

As correções da tabela do IR em 4,5% ao ano de 2007 a 2010 foram adotadas após acordo para impedir que a reposição salarial pela inflação fosse tributada. O acordo não valia para 2011.

O anúncio será feito após a votação do mínimo e está condicionado à aprovação do valor proposto.

Leia a reportagem completa na Folha desta segunda-feira, que já está nas bancas.

Governo confirma correção da tabela do IR em 4,5%

O ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) confirmou na tarde desta quinta-feira (24.02.11) que o governo publicará nos próximos dias a MP (medida provisória) que corrige em 4,5% a tabela do Imposto de Renda de 2011.

A Folha antecipou na semana passada que o governo corrigiria a tabela em 4,5% caso o Congresso aprovasse o salário mínimo de R$ 545. Na prática, a correção faz com que o trabalhador pague menos imposto.

Segundo Luiz Sérgio, a presidente Dilma Rousseff pediu a redação da MP ao ministro Guido Mantega (Fazenda). Há a possibilidade de que ela seja enviada ainda nesta semana ao Congresso.

"A presidente já determinou ao ministro Mantega que prepare a MP [com reajuste] de 4,5%", disse.

Segundo fontes do Planalto, a preocupação agora é garantir que o texto da MP não seja modificado. Isto porque as centrais sindicais gostariam de ver a tabela corrigida em 6,46%, referente à inflação acumulada em 2010 medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que abrange famílias com renda entre 1 e 6 salários mínimos.

Os 4,5% determinados pelo governo dizem respeito ao centro da meta de inflação. Um reajuste, mesmo abaixo do que desejam os sindicalistas, é considerada uma flexibilização do governo nas negociações, uma vez que não havia obrigação de corrigir a tabela neste ano.

As correções da tabela do IR em 4,5% ao ano de 2007 a 2010 foram adotadas após acordo para impedir que a reposição salarial pela inflação fosse tributada. O acordo não valia para 2011.

Com a correção em 4,5%, a faixa de isenção do IR passará de R$ 1.499 para R$ 1.566. Estudos mostram, entretanto, que a defasagem na tabela do IR de 1995 até 2010 é de 64,1%.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/880587-governo-confirma-correcao-da-tabela-do-ir-em-45.shtml


Crise líbia faz petróleo disparar e provoca queda das Bolsas

Os preços do petróleo continuam subindo e as Bolsas registravam quedas nesta quinta-feira devido ao temor provocado nos mercados pela revolta líbia e seu possível contágio a outros países do mundo árabe.

O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril aproximou-se dos US$ 120 nesta quinta-feira pela manhã no ICE (InterContinental Exchange) de Londres, seu mais alto patamar desde setembro de 2008.

Às 15h50 de Brasília, estava cotado em US$ 114,64, alta de 3% em relação ao fechamento de quarta-feira.

Nessa mesma hora, no Nymex (New York Mercantile Exchange), o barril de WTI (West Texas Intermediate, denominação do 'light sweet crude' negociado nos EUA) para entrega em abril subia 1,5% aos US$ 99,63, depois de ter alcançado os US$ 103,41 por barril no fim dos pregões asiáticos, seu preço mais elevado desde setembro de 2008.

"A continuação dos distúrbios no norte da África e no Oriente Médio e a diminuição da produção na Líbia continuam impulsionando fortemente os preços do petróleo", estimaram os analistas da Commerzbank.

David Hart, da Westhouse Securities, afirmou, por sua vez, que na Líbia "a produção de petróleo de alta qualidade foi afetada de forma importante pelo êxodo de pessoal estrangeiro".

CRISE

A Líbia, membro da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo), é um dos quatro principais produtores africanos, com uma produção de 1,69 milhão de barris diários, dos quais exporta 1,49 milhões, a grande maioria (85%) para a Europa, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

Devido à violência, a produção reduziu-se conjuntamente de 1,2 milhão de barris diários para um quarto desse total, estimou nesta quinta-feira o presidente da petroleira italiana ENI, Paolo Scaroni.

A ENI reduziu sua produção líquida em mais da metade, para 120 mil barris, assim como a Repsol, que está produzindo apenas 160 mil barris conjuntamente com a companhia nacional NOC, segundo seu presidente Antonio Brufau.

Outras companhias petroleiras que operam no país também anunciaram desaceleração da produção, como a alemã Wintershall e a francesa Total.

Além disso, "não está claro se alguma exportação de petróleo está saindo da Líbia", afirmou David Hufton, analista da PVM Oil Associates.

Além da Líbia, o mercado teme sobretudo um contágio em outros produtores mais importantes da região.

No entanto, o ministro argelino de Energia, Yucef Yusfi, tentou diminuir as preocupações, assegurando que a Opep só atuará caso haja uma "perturbação real e comprovada" do mercado.

A instabilidade na Líbia continuou pesando também sobre as Bolsas.

Pelo terceiro dia consecutivo, a Bolsa de Nova York operava nesta quinta-feira em baixa na metade do pregão, com o Dow Jones perdendo 0,53% e o Nasdaq, 0,02%.

Na Europa, a maioria das praças fechou no vermelho. Em Frankfurt, o índice Dax perdeu 0,89%, a 7.130,50 pontos. Em Paris, o CAC 40 fechou o pregão em baixa de 0,09%, pouco acima da barreira dos 4.000 pontos (4.009,64), e em Londres o Footsie 100 caiu 0,06%, a 5.919,98 pontos.

A Bolsa de Madri subiu, por outro lado, 0,13%, com o Ibex-35 a 10.647,6 pontos.

Anteriormente, na Ásia, Tóquio perdeu 1,19% e Hong Kong, 1,34%.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/880560-crise-libia-faz-petroleo-disparar-e-provoca-queda-das-bolsas.shtml


Gaddafi contra-ataca no oeste; oposição controla poços de petróleo.

Mercenários estrangeiros e milícia leal ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, tentam nesta quinta-feira(24.02.11) conter o avanço da oposição sobre seu reduto na capital Tripoli e atacaram duas cidades próximas em confrontos que deixaram ao menos 15 mortos.

A oposição, contudo, continua cada vez mais forte e já controla uma base militar aérea e importantes centros de produção de petróleo.

Os mais violentos combates ocorreram em Zawiya, a 50 km oeste de Tripoli. Uma unidade do Exército ainda leal a Gaddafi abriu fogo com armas automáticas contra uma mesquita onde moradores --alguns armados com rifles-- declararam apoio aos protestos na capital.

As tropas destruíram o minarete da mesquita com uma arma de combate a aviões. Não há números oficiais, mas um médico de uma clínica local disse ter visto ao menos dez corpos, todos com tiros na cabeça e no peito, assim como 150 feridos. O site de notícias líbio Qureyna diz que ao menos 23 morreram e muitos dos feridos não puderam ir ao hospital sob o risco de serem mortos por "mercenários e forças de segurança".

Uma testemunha disse que um dia antes um enviado de Gaddafi foi à cidade avisar aos manifestantes que deixassem o local ou enfrentassem o massacre.

Depois do ataque, milhares se reuniram na praça dos Mártires, ao lado da mesquita Souq, para gritar palavras de ordem como "saía". "As pessoas vieram para enviar uma mensagem clara: nós não temos medo da morte ou das suas balas", disse uma testemunha, citada pela agência de notícias Associated Press.

Horas após o tiroteio em Zawiya, Gaddafi estava de volta à TV estatal para um discurso no qual lamentou as vítimas e atribuiu a revolta à rede terrorista Al Qaeda e a adolescentes que tomaram "leite com Nescafé e alucinógenos".

"Que vergonha, povo de Zawiya, controle seus filhos", disse. "Eles são leais a [Osama] bin Laden. O que vocês tem a ver com Bin Laden, povo de Zawiya? Eles estão explorando seus jovens. Eu insisto que é Bin Laden".

Zawiya, cidade estrategicamente próxima ao porto e às refinarias de petróleo, é a última das cidades a ser dominada pela oposição desde que a rebelião começou, em 15 de fevereiro. O último balanço aponta que ao menos 300 morreram.

Segundo o "Quryna", outro batalhão liderado pelo próprio filho de Gaddafi atacou a localidade de Mesrata, no leste de Trípoli. Mas os rebeldes resistiram e obrigaram os militantes a fugir.

Ao sudeste da Líbia, outra cidade, Al Koufra, foi colocada sob controle dos rebeldes, explica o jornal. Eles destruíram todos os símbolos do regime e desmantelaram as forças de segurança.

A maior parte do leste da Líbia já está sob controle da oposição e aumenta a cada hora o número de diplomatas e ministros que abandonam o governo de 42 anos de Gaddafi. O ditador ainda está sob firme controle da capital, algumas cidades dos arredores, o desértico sul e partes esparsas do oeste.

A reação de Gaddafi foi a mais violenta na onda de revoltas que tomou o mundo árabe desde janeiro passado e derrubou os ditadores dos dois vizinhos da Líbia --Egito e Tunísia.

PETRÓLEO

Mais cedo, relatos de moradores da região leste da Líbia indicam que os opositores já tomaram o controle de importantes terminais de produção de petróleo no país, o que pode ameaçar o fluxo de fornecimento a diversos países e elevar a cotação do produto internacionalmente.

A turbulência no 12º maior exportador petrolífero do mundo já cortou pelo menos 400 mil barris por dia (bpd) da produção líbia normal de 1,6 milhão de bpd, de acordo com cálculos da Reuters.

Paolo Scaroni, executivo-chefe da grande petrolífera italiana Eni, disse que a queda na produção líbia é muito mais dramática que isso, estimando que o país está colocando 1,2 milhão de bpd a menos no mercado.

Os preços do petróleo continuam subindo e as bolsas registravam quedas nesta quinta-feira devido ao temor provocado nos mercados pela revolta líbia e seu possível contágio a outros países do mundo árabe.

O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril aproximou-se dos US$ 120 nesta quinta-feira pela manhã no ICE (InterContinental Exchange) de Londres, seu mais alto patamar desde setembro de 2008. Às 15h50 de Brasília, estava cotado em US$ 114,64, alta de 3% em relação ao fechamento de quarta-feira.

Nessa mesma hora, no Nymex (New York Mercantile Exchange), o barril de WTI (West Texas Intermediate, denominação do "light sweet crude" negociado nos EUA) para entrega em abril subia 1,5% aos US$ 99,63, depois de ter alcançado os US$ 103,41 por barril no fim dos pregões asiáticos, seu preço mais elevado desde setembro de 2008.

A Líbia, membro da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo), é um dos quatro principais produtores africanos, com uma produção de 1,69 milhão de barris diários, dos quais exporta 1,49 milhões, a grande maioria (85%) para a Europa, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

AMEAÇA

Em seu discurso na TV, Gaddafi alertou que as revoltas podem interromper o fornecimento do combustível ao exterior. "Se os cidadãos não voltarem a trabalhar, se cortará o fornecimento de petróleo", disse o ditador à TV estatal, em uma aparente tentativa de conquistar apoio internacional.

Os relatos ainda são desencontrados e há testemunhas dizendo tanto que a produção está protegida pelos rebeldes quanto que os opositores já interrompem a produção em determinados locais.

O engenheiro mecânico Moustafa Raba'a, que trabalha com a indústria petrolífera Sirte, afirmou ao jornal britânico "Guardian" que "todos os poços de petróleo da região sul" da Líbia já estão em controle dos rebeldes.

"A ordem divulgada é que devemos mandar uma mensagem para Gaddafi parar de massacrar nosso povo em Benghazi. Tomamos a decisão de negá-lo o privilégio de exportar petróleo e gás para a Europa", disse ao "Guardian", acrescentando que somente no poço de Dregga, na região leste, o bloqueio já evitou que 80 mil barris por dia fossem exportados.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/880793-gaddafi-contra-ataca-no-oeste-oposicao-controla-pocos-de-petroleo.shtml